sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

OBRIGADO, TIO SILVA

Tio Silva, ou melhor, professor Silva, era daqueles raríssimos home grandes de Mansoa com dom, arte e bondade de elevar o moral dos jovens.
Adorava a Escola, como se diz na Guiné, e os grandes alunos. Sempre que se cruzava com um, perguntava, invariavelmente, pelos outros (anta fulano, kuma ki sta? Fidju de fulano ta pega teso !) Falava sorrindo, entusiasmadíssimo.
Aquando do meu exame escrito final de 4ª classe fiz uma grande parvoíce: assinei, numas folhas Selo Djaló e noutras, Mamadu Selo Djaló. Os professores nem se deram ao trabalho de tirar tudo a limpo. Decidiram, pura e simplesmente, chumbar-me. Chorei baba e ranho. Nada. Os professores continuaram na sua, nas tintas para a minha dor. Só não repeti o ano porque o Tio Silva salvou-me na hora h.
Lembro-me do Tio Silva a falar português para o filho, ainda adolescente, Iaiu, e este, brincalhão como sempre, a responder em criolo. O mais incrível era o Tio Silva não se alterar e encarar a brincadeira  do filho com a maior das naturalidades.
Tio Silva era a simplicidade em pessoa. De resto, era muito simpático e afectuoso.
Falava balanta com os balantas, sobretudo, os da tabanca. Arranhava fula com os fulas...
O seu multiculturalismo e humanismo faziam dele um home grande interessante. Uma referência, um farol que a juventude acaba de perder.
Saudades eternas do professor, do amigo, Tio Silva.
Que descanse em paz!

Um comentário:

  1. adorei a sua escrita, o tio silva or seja professor silva melhor o chamando, contuara simpre viva nas nossas memorias, pessoa de referencia. que a terra lhe seja leve e a paz eterna reina esteja sempre com ele.

    Budja

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