segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

FAFALI, UM GUINEENSE "SEM PAPEL"

Geralmente, quando morre um quadro guineense, a leitura da sua biografia, no decurso das cerimónias fúnebres, tende a provocar espanto e um certo mal estar por parte dos presentes, tal a falta de oportunidades e de reconhecimento dos nossos cérebros. O que chocou no caso do saudoso Fafali Koudawo (prefiro trata-lo assim, dispensando os títulos de Professor Doutor, PHD… pois, na minha maneira de ver, a sua simplicidade e grandeza de alma assim o exigem) , foi a revelação de que não era guineense de "papel passado", documento que qualquer imigrante recém-chegado pode obter facilmente. Logo Fafali Koudawo que tanto se bateu pela estabilização e desenvolvimento do nosso país e era admirado e amado pelo povo, que o via como um dos seus! O choque foi de tal ordem, por mim falo, que acabou por me remeter para um artigo de opinião (artigo de que já não me recordava) que escrevi na Gazeta de Notícias, a 9 de Março de 2006, intitulado "Apelo À Razão", em defesa de Fafali, por ter sido atacado injusta e inadequadamente por um deputado na sequência da publicação no seu Jornal da peça «O Executivo de Aristides Gomes Tomou Uma Atitude Que Não Se Toma Por Nenhum Homem Civilizado» - UNTG, SINAPROF, CGSI Falam ao Kansaré. Recordo aqui as palavras do deputado, cuja identidade desconheço, : «Isto é intolerável. Não podemos deixar um estrangeiro fazer ingerências desta natureza nos assuntos internos do nosso país. O dono deste jornal é um estrangeiro que anda a escrever aquilo que quer, e faz nas rádios comentários críticos; mas, nenhuma medida é tomada contra ele. Aliás, eu já telefonei ao Primeiro Ministro acerca do dono do jornal para ele mover uma queixa-crime ou tomar medidas duras contra este estrangeiro a fim de pôr cobro a esta situação intolerável.» Com políticos destes a dirigirem a nação, Fafali Koudawo dificilmente obteria a nacionalidade guineense, e o facto é que não a obteve em vida. O Executivo de Domingos Simões Pereira fez bem em conceder-lhe a nacionalidade, ainda que a título póstumo, mitigando, por assim dizer, a grande maldade causada por políticos fraquinhos. «As pessoas grandes falam de ideias; as pessoas médias falam de factos; as pessoas pequenas falam de pessoas…», escreveu alguém. Falali Koudawo era grande. O Primeiro Ministro Domingos Simões Pereira sublinhou-o no seu belo discurso. Biografia Flavien Fafali Koudawo nasceu em Togo a 12 de Maio de 1954. Era casado e pai de 5 filhos. Detinha o Diploma de Estudos Aprofundados em História e Ciências Politicas, pelo Institut Universitaire de Hautes Etudes Internationales na Suíça, onde, ainda fez o Doutoramento em Ciências Politicas ( PhD). Fafali Koudawo chegou a Bissau no início da década de 1990. Foi investigador sénior do Instituto Superior de Estudos e Pesquisa (INEP); Reitor da Universidade Colinas de Boé e Professor de Ciências Politicas e de História. Koudawo foi consultor e coordenador do programa de voluntários das Nações Unidas do PNUD, na Guiné-Bissau. Membro da equipa técnica do exercício prospectivo nacional a longo termo – Guiné-Bissau 2025 (1994-1996) DJITU TEM; Consultor para a elaboração do programa indicativo nacional (PIN-Guine-Bissau) para o 9º FED (2000/ 2001). Coordenador da equipa técnica para a elaboração do documento de Estratégia de Redução da Pobreza (DENARP) 2001/2004 e investigador do Conseil pour le développement de la Recherche en Sciences Sociales en Afrique (CODESRIA). até 23 de Janeiro de 2015, Flavien Fafali Koudawo exercia a função de Director de Voz Di Paz, Reitor e Professor da Universidade Colinas de Boé. Deixou obras publicadas.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

GOVERNO GANHA PONTOS

O professor universitário andava bastante teso. O mês de Janeiro estava a revelar-se duro de mais. Onde desencantar o vil, o bendito metal? Pensava. Até que foi informado que o seu banco podia dar uma mãozinha, a troco de um juro insignificante. Zás… Baza. Não demora a ser atendido. Ao revelar que era docente na universidade privada estrangeira X, o bancário lamenta a sua sorte e diz não poder fazer nada, uma vez que o seu empregador era um mau pagador. A salvação do professor foi ter-se lembrado, já em desespero de causa, que também era funcionário publico. Na verdade, o professor Já não se lembrava da ultima vez em que sentira orgulho em ser funcionário publico guineense .

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

UAC ORGANIZA JORNADAS

As Jornadas de Reflexão sobre o Acordo Ortográfico, da iniciativa da Universidade Amílcar Cabral, começaram esta manhã e terminam amanhã. A revelação, por um dos participantes, da aprovação, ratificação do Acordo Ortográfico e a sua respectiva publicação no Boletim Oficial apanhou todos de surpresa, os organizadores da jornada, inclusive, tendo mesmo mudado o rumo dos trabalhos. Assim, face ao facto consumado, que fazer? Passou a ser a grande questão. Para o professor Fernando Delfim da Silva, o problema da Guine não é o Acordo Ortográfico, que pouco mexe na língua, mas o resto. Isto é, na sua opinião, os guineenses falam e escrevem mal a língua portuguesa. Daí se revelar mister que a CPLP se esqueça de todos os outros programas e ajude o país a melhorar o seu português.