terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"FURTARAM-ME A PASTA"



À vontade estava perdido nos meus devaneios. A estação de Alverca tinha poucas vivalmas.
De repente, procuro tactear a pasta que deixara ao lado. Para minha surpresa, não havia pasta. Levanto-me num salto. Nada. Não quero acreditar. Apalpo os bolsos. Nada. Passe, documentos, telemóveis... Estava tudo na pasta. Que azar! Entro em pânico. Puxo pela memória a ver se descubro o ladrão.
Cenário número 1: vejo a brigada de revisores (picas) a apanhar o comboio e eu estou a sós, longe de tudo e de todos;
Cenário número 2: vejo três senhoras, acabadinhas de sair do comboio, a passar por mim.
Só podem ser essas. Eureca!
Mas, pensando bem, não estou a ver senhoras a furtarem-me a pasta. Pois, roubar, digo para os meus botões, não é propriamente coisa de mulheres. Desisto da ideia.
Terá passado por mim algum fantasma, algum jovem e surripiado o objecto?!
De cabeça meio perdida, digo para uma senhora que se encontrava na plataforma bem longe de mim:
- Furtaram-me a pasta.
A senhora ficou sem palavras.
Resolvo avançar para as bilheteiras apresentar queixa. Cruzo com dois jovens a descerem a escada rolante e dirijo-me para o que estava à frente e digo-lhe que me levaram a pasta e que andava à procura do larápio. Antes de me dizer palavra, retrocedo para o lugar do crime. Estava um deserto. Reparei que havia uma tampa sobre o banco de cimento. Instintivamente, calco uma das extremidades; e não é que vejo, na extremidade oposta, a minha rica pasta. Que sorte! Não queria acreditar.
O moço a quem havido dirigido a palavra disse-me que ia precisamente sugerir-me para que procurasse aí mesmo, no lixo.
Que sorte! Afinal, a pasta sempre esteve comigo. Já não a larguei mais. Não ganhei para o susto.

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