segunda-feira, 23 de setembro de 2013

40 ANOS DE DEPENDÊNCIA E BARBÁRIE

Volvidos 40 anos sobre a nossa Independência, conquistada a muito custo, que temos?  Escuridão por todo o lado. Se na capital Bissau a luz eléctrica é uma miragem, no interior do país nem vale a pena dizer. O mesmo se diga da água canalizada. Em Bissau a falta do precioso líquido nas torneiras ainda é mais grave porque há poucos poços para socorrer os munícipes ( a Cooperação Portuguesa tem valido, e muito, aos residentes dos bairros de Ajuda, Belém, Missira e Cuntum). Os preços dos produtos no mercado não páram de subir, em contraste com o poder de compra, em queda livre. O ensino está uma porcaria. Enquanto os professores efectivos recebem o seu magro soldo, os professores contratados, novos ingressos e doentes salivam meses a fio pela sua parte do bolo. Anos lectivos que abrem, sem mínimas condições de funcionalidade, e fecham, com pouca matéria dada e mal, para a deseducação dos estudantes. Hospitais e centros de saúde, pouco ou nada equipados, mal funcionam, com o pessoal altamente desmotivado. Edifícios estatais a desmoronar de podres por todo o território, enquanto florescem palacetes privados. Estradas de terra batida imperam, sobretudo no sul, prendendo no lodaçal carros e mais carros, por vezes, durante dias (o que acontece, por exemplo, na curta estrada que liga Buba a Catió). Os mais velhos são uns verdadeiros "quem tudo quer", mandando passear os jovens, ainda que com formação superior e tudo. Há uma trintena de partidos políticos que fazem tudo menos política. Os desempenhos antipatrióticos do PAIGC e do PRS fazem sonhar acordado com um terceiro partido, que os relegue para o segundo plano. E quem se revê nas nossas Forças Armadas?! É preocupante e perturbador que o comandante Pedro Pires, herói nacional, as considere um "intrumento de tirania e delinquência".

Os 40 anos de (In)dependência, levam-me a concluir, infelizmente, que, sem os caboverdianos e os seus descendentes (estou a pensar em Aristides Pereira, Pedro Pires, Amílcar Lopes Cabral...) a liderar não haveria PAIGC para ninguém, quanto mais independência, excelentemente conquistada. Por isso e por tudo (laços sanguíneos, história...) toda a iniciativa que nos aproxime dos nossos irmãos é muito bem-vinda. Daí estarem de parabéns os promotores da  Amizade Guiné-Bissau-Cabo-Verde de Lisboa.

Os "tugas" da terra, os donos e senhores do "sistema" apropriaram-se da nossa independência. Reconquistá-la cabe a todo o guineense que ame o país como ninguém.

Os 40 anos de NADA (descontando os 6 anos de Luís Cabral) não chegam para nos fazer desistir do sonho de Cabral e companhia.

P.s.: os funcionários públicos vão, provavelmente, passar o 24 de Setembro sem dinheiro. Pois, o Governo de Transição ainda não pagou os salários.

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