sábado, 13 de agosto de 2011

ASSÉDIO HOMOSSEXUAL

«Você nunca encontrará paz até que ouça o seu coração»,
 George Michael

Estou sentado num banco do jardim do Centro Comercial Babilónia, na Amadora, a cantarolar uma melodia  e a escrevê-la sobre o livro “O Caminho Menos Percorrido”, do psiquiatra norte-americano M. Scott Peck. Não é que surge, vindo de nenhures, um senhor na casa dos 60 anos e se simpatiza comigo! Sem cerimónias, senta-se ao meu lado; ou melhor, enrosca-se-me. Agarra a minha mão esquerda. Acaricia-a, vezes sem conta. “ Como se chama? O senhor é guineense? Mora aqui perto? É casado?”. Satisfaço-lhe a curiosidade. “Que anda a ler?”, volta à carga. Com uma mão segura o livro, fingindo interesse, e com a outra procura, sem mais delongas, o meu sexo. Isto, num jardim público, com gente a passar e tudo! “ O senhor é homossexual?”, atiro-lhe na cara. “Sou casado e tenho filhos. Mas, gosto de homens”. “Eu, não!” faço-lhe ver. “ Gosto é de mulheres… de certas mulheres”, remato. O homem lá teve de se ir embora, sorridente.
Esta história, ocorrida a 20 de Julho, faz-me lembrar  outras vividas em Lisboa:
 A caminho do Espaço B’Leza, para mais uma noite de “sabura” e “morabeza”, um carro verde encosta para me dar boleia. Desconfiado, ainda assim, acedo à oferta. A páginas tantas, convida-me para um café. Apercebendo-se de que não estava para aí virado, atreve-se, passando a mão, mais à mão, entre as minhas pernas. Chegados ao meu destino, vi-me e desejei-me para persuadir o senhor a deixar-me seguir o meu caminho. Dias volvidos, vi o mesmo carro, no Cais do Sodré, abordar um africano, provavelmente guineense, acabadinho de sair das obras …
 Por falar no Cais do Sodré, Estava eu, numa bela manhã, junto a um semáforo, à espera do verde para passar. Eis que se não quando, surge do nada, um senhor engravatado e todo janota, e mete comigo. Sem preâmbulos , dispara a matar: “ Vai uma rapidinha? Olhe, que eu pago”. “Francamente! Ao que isto chegou!”, digo aos meus botões.
Uma tarde também, na Cidade Universitária, um homem andou aí a cirandar, a ver, se me engatava.

Segundo os meus cálculos, este assédio dos “gays” teve, por assim dizer, a sua “génese”, em 1992 ou 93, nas Caldas da Rainha, quando um homem se deu ao trabalho de me perseguir por tudo quanto era sítio. Agora, pergunto-me: seria mesmo um “gay”? Ou seria, antes um tresloucado “normal”?

Procuro compreender os “gays”. Pois, a complexidade da vida recomenda-nos tolerância e respeito escrupuloso pela diferença.
Por Selo Djaló

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