terça-feira, 4 de agosto de 2015
CONVERSAS DE TÁXI
Falava ao telemóvel quando fez sinal para que o táxi parasse. O gesto foi acompanhado do destino "Santa Luzia" e lá continou a falar despreocupadamente com o seu interlocutor distante, obrigando o taxista a baixar a música, obrigando os outros ocupantes do táxi a "levar com a conversa".
- Disseste que moravas onde? Na entrada do falecido "Pé de Mango", em Quelelé? Sei onde é.
- Em que circunstâncias te dei o meu número de telemóvel? Ou foi outra pessoa que to deu? - questiona desconfiada.
E lá se desdobrou em explicações o seu amigo. Porém, não pareceu nada convencida,aliás, como logo se verá.
- Querias ver-me?! Infelizmente, estou em Canchungo neste momento - mente com todos os dentes.
- O quê?! Ouviste-me dizer Santa Luzia quando apanhava o táxi?! Só podes ter ouvido mal. Estou em Canchungo, garanto-te. Quando voltar a Bissau ligo-te a avisar.
De repente, cessa a conversa ou por falta de rede ou por outro motivo qualquer. Daí a pouco, o telemóvel volta a tocar. Era o amigo. Então foi a confusão total.
- Quem foi que ligou quem?! Não me voltes a chatear mais! Tá? - Desliga-lhe o telefone mesmo "na cara", como gostam de fazer as miúdas que se armam em difíceis.
O silêncio toma conta do carro. Daí a instantes apeava-se junta à entrada da estrada de Pluba.
Era uma rapariga de altura "normal", isto é, nem alta, nem baixa, mais para gorda; vestida "à muçulmana"(camisa à-vontade e comprida, e um pano atado à cintura, que se prolonga até aos tornozelos, feitos de "legós", "basan", "Waxi"..., tudo feito de panos africanos).
Se era gira?! Lá saberá o seu amigo.
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